
O futuro das redes sociais: o Instagram vai mesmo virar o novo TikTok?
Esta semana o Instagram divulgou que a rede social não será mais uma “rede de compartilhamento de fotos”, dando mais ênfase para “entretenimento” e conteúdos em formato de vídeos.
O fato chamou a atenção de vários influencers e deixou no ar a seguinte questão / “temor”: o Instagram vai mesmo virar o ‘novo TikTok’?
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A seguir, compartilho minhas reflexões…
De acordo com @mosseri, diretor do Instagram, um dos fatores para a mudança é se adaptar à nova demanda por entretenimento em vídeo e também a atual concorrência: Youtube e TikTok.
Mas calma aí: Instagram, TikTok e Youtube têm perfis de audiência BEM DIFERENTES, a começar pela idade / perfil / preferência da audiência.
TikTok tem um público muito mais jovem, que prioriza conteúdos rápidos (de até 30′) e efêmeros (Geração Z). O Youtube, tem público diversificado em relação à idade, mas no geral mais maduro, que pára, presta mais atenção, e passa bem mais tempo por lá. Vídeos no Youtube costumam ter mais de 1:00 de duração.
Já o Instagram tem um perfil diferente, composto por pessoas “jovem-adultas”, vulgo “cringes” / millennials, que por ali buscam informações rápidas e efêmeras: Stories com 15′, Reels com até 30′, imagens e fotos, padrão que vem sofrendo algumas alterações ao longo do tempo. Ultimamente tem crescido perfis do Instagram com abordagens mais explicativas, principalmente em carrossel – com textos e explicações mais extensas.
As coisas mudam, mas, honestamente, aposto que o Instagram não vai virar um “TikTok”.
E não teria como. A não ser que todo o público do TikTok migrasse para o Instagram e todos do Instagram fossem para outra rede social.
Faz sentido para você?
O Futuro do Instagram: o que muda afinal?
Na minha concepção, o relato de @mosseri fala que cada vez mais bons produtores de vídeo vão ganhar preferência e visibilidade. Apenas isso.
Ele também fala de outras duas grandes mudanças no algoritmo, em relação a distribuição dos conteúdos no feed e os tipos de vídeos.
#1 Você vai passar a ver conteúdos de contas que você não segue
Além de mostrar conteúdos patrocinados no feed, vão aparecer conteúdos de perfis que você ainda não conhece, mas que produzem vídeos.
#2 Instagram vai priorizar vídeos “mobile-first”
Um ponto importante: criadores precisarão investir em conteúdos adaptáveis à tela do celular – 1080 x 1920 e não 1920 x 1080. Afinal, usamos o Instagram no celular (vertical) e essa questão é um ponto muito fraco para quem produz vídeo para o Instagram em formato horizontal. Pense o conteúdo para a mídia.
Para quem produz é muito difícil conseguir criar algo adaptável para ambas as telas… o ideal seria que o Instagram fizesse a adaptação conforme a preferência do usuário… será?
É sempre bom lembrar: a preferência do Instagram por vídeos não é novidade
A prioridade por apresentar conteúdos em vídeos no Instagram já é observada há anos, com o lançamento dos Stories (“tipo Snapchat”, Reels (“tipo TikTok”) e IGTV (“tipo Youtube”).
Quem trabalha com social media sabe que o sucesso de um perfil é muito mais provável se apresenta conteúdos em vídeo, principalmente os desenvolvidos dentro da plataforma.
Vamos entender o por quê:
(1) Porque o Instagram sempre entrega e prioriza contas que apostam nas suas novidades, que são assíduos, que tem engajamento, etc… principalmente se forem criados dentro do próprio Instagram (para apresentar mais verdade e menos edição).
(2) Porque acaba sendo a preferência da grande maioria da audiência. Observamos que o público, no geral, engaja muito bem com conteúdos em audiovisual. Claro, quando se trata de um bom conteúdo – em termos estéticos e de narrativa.
E é aí que entra a criatividade. Vídeos no TikTok viralizam pela criatividade 😉 Vamos nos inspirar?
Dicas para criar vídeos no Instagram
#1 Ser autêntico e original
O que temos visto são “cringes” trazendo para o Instagram danças que a “Geração Z” faz no TikTok na tentativa de “parecer ser legal”.
E se isso não é #failmarketing eu não sei mais o que é…
Lembre-se: O principal ponto antes de criar conteúdo é entender a sua audiência: o que performa melhor? Qual a idade do seu público? Etc etc…
#2 Ser breve: faça conteúdos curtos, teasers
Não se engane. Trabalhando com o gerenciamento de contas no Instagram percebo sempre o mesmo: ninguém tem paciência para assistir vídeos longos por lá. E eu me refiro a vídeos com mais de 30 segundos! Já realizei inúmeros testes. Pensem comigo: as pessoas não assistem nem a stories de 15 segundos… passam sem escutar. Imagine vídeos longos…
Este é um grande desafio: como produzir vídeos curtos e interessantes em 15 ou 30 segundos? Influencers como @francesca e @marinaruybarbosa têm focado em vídeos que “teaser”, mais conceituais, sem cara de serem “editados” ou “super profissionais”.
Marina Ruy Barbosa para YSL
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Francesca para Chanel
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Thassia Naves para múltiplas marcas
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No mundo da publicidade / moda / beleza existem diversos exemplos que valem a pena se inspirar. Pesquisa por “fashion filmes”.
Um dos mais emblemáticos é o filme da Chanel com a Gisele Bundchen. Percebam como o produto em si é secundário. O foco maior é na narrativa e em todos os elementos que simbolizam a identidade da marca. Cores, logo, estilo minimalista…
Os vídeos da Francesca e Marina seguem essa linha, com um foco maior em estética. Rápidos, mostram o produto de maneira conceitual. Típicos de conteúdos de publicidade que tem como objetivo apresentar, divulgar, gerar desejo, inspirar.
Obs: Embora o vídeo da Thássia tenha sido mais demorado, ele entrega mais conteúdo, envolve diversas marcas e é humorístico. Mesmo assim, os takes são rápidos, não dando a percepção de demorar demais.
A nova era do conteúdo audiovisual no Instagram: para quem isso importa?
Quando fazemos leituras de tendências e comportamentos nas redes sociais, estamos olhando sempre para o consumidor. É a partir da preferência do consumidor que plataformas, marcas, produtores de conteúdo e agências de publicidade e marketing definem suas decisões, adaptam suas ofertas. O Instagram já nos contou o que fará… e os demais?
Produtores de Conteúdo
Na verdade, são eles quem geralmente se antecipam para entender a melhor forma de criar conteúdos que engajam. E por isso são chamados “influenciadores”. Eles ditam tendências, geralmente copiadas pela grande massa. Por isso é importantíssimo observar o que fazem os grandes influenciadores, ou o que existe de comum em tipos de conteúdos / vídeos que viralizam.
Em relação aos vídeos, percebemos a preferência de influenciadores por criar vídeos que “pareçam” ser feitos com o próprio celular, usando mix de filtros e só. A música também ocupa papel de importância. Quando o áudio é inserido direto na plataforma Reels, isso não infringe a lei dos direitos autorais. Este detalhe faz muita diferença. Atentar para isso.
Agências de Publicidade e Marketing
A principal mudança será o aprendizado em produzir conteúdos audiovisuais para o Instagram tão bons quanto o de produtores de conteúdo. Vai ser necessário também identificar os melhores fornecedores / influenciadores para executar ações que consigam entregar o valor pretendido pelas empresas e marcas através do audiovisual.
A produção de conteúdo será muito mais desafiadora – e cara, pois requer equipe especializada em captação, edição, direção de arte, storytelling… Muito mais do que criar boas imagens em fotografia, vídeos precisam de narrativas que vendam e encantem. E isso é muito mais complexo. Quem sabe fazer bem sairá na frente nos próximos meses.
Empresas / Marcas
Observar quais são as agências e produtores de conteúdo que melhor produzem conteúdos audiovisuais para a ferramenta Instagram e de que forma usar este recurso para vender mais será o comportamento de marcas e empresas. Até aqui a fotografia e o marketing de conteúdo predominava. Mas apenas isso já não é mais suficiente.
Empresas e marcas também terão que dedicar uma parcela maior para a produção de conteúdos, agora em vídeo, que exige maior número de profissionais envolvidos.
O grande desafio será em produzir conteúdos rápidos, com storytelling e que ajudem a promover produtos. As referências que compartilhei da Francesca e Marina Ruy Barbosa são excelentes inspirações.
Ou, migrar para um novo tipo de marketing. Com mais verdade e próximo do cliente, e com um número menor de postagens.
O futuro das redes sociais: principais tendências para 2021-2022
A preocupação em torno do Instagram na última semana nos faz ter apenas uma certeza: as coisas mudam. Os hábitos mudam, as preferências mudam e nós também temos que nos adaptar.
E isso é uma chamada de atenção para perceber que existem novas formas de produzir conteúdos, dentro e fora do Instagram.
A seguir compartilho as principais tendências gerais em relação a comunicação digital.
Instagram e conteúdos densos
Produtores de conteúdos têm cada vez mais compartilhado conteúdos densos no Instagram. Explicações, mapas mentais, desenhos que ajudam a ilustrar. Histórias, fatos e causas são abordadas de diferentes formas: vídeos, ilustrações…
O uso do formato de carrossel é uma excelente estratégia, pois além de permitir compartilhar 10 imagens ao mesmo tempo. Além disso, cada vez que o seu seguidor recebe esta publicação, ele visualiza um dos slides, em ordem cronológica. Logo, o seu seguidor que ver o primeiro slide, terá mais 10 impressões da sua conta. 10 vezes mais chances do conteúdo aparecer para a audiência. Capisce?
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A ascensão do conteúdo em áudio / podcasts
Spotify e Deezer estão fazendo grandes movimentos para que cada vez mais produtores de conteúdos nativos de outras mídias – como Instagram, migrem para a ferramenta e atraiam novas audiências.
Entretanto, o audiovisual ainda ocupa papel central. Muitos aproveitam o momento de captação de áudio para gravar vídeos e distribuir o mesmo conteúdo em outras plataformas.
Um exemplo é o Moda Importa. O casal Marcela Lorenzon e Luciano Potter atuavam como produtores de conteúdo no Instagram e montaram o podcast, que é distribuído via Spotify / Youtube, com chamadas e teasers no Instagram.
*Momento jabá: fui convidada para participar de um episódio sobre Influência / Desinfluência. Só clicar para acessar.
A vida além do Instagram e a onda do slow content
Mesmo com um boom de informações na internet, ainda há um público muito carente por bons conteúdos. Ou seja: há muito espaço para produtores de conteúdos de qualidade.
No geral, bons produtores de conteúdo – nativos das mídias tradicionais, têm dificuldade em se posicionar nas redes sociais. Outros, grandes especialistas, sentem-se incomodados, tem preconceitos… Mas aos poucos vemos isso mudando…
No geral, quem vem trilhando este caminho, são pessoas mais preocupadas em trazer qualidade do que quantidade. E isso muda tudo.
Vemos ressurgir antigas plataformas: os blogs, com a ascensão do Medium, por exemplo, nos fazem lembrar que existem sim outras possibilidades para além do Instagram.
As Newsletters também têm ganhado espaço e a preferência de leitores que querem dedicar tempo para consumir informações com maior curadoria. Assino atualmente a News do Carvalhando, Codesign (Fast Company) e Obvious.
Instagram: um lugar para levantar bandeiras e falar sobre causas
No atual contexto pandêmico abraçar causas e falar sobre isso nas redes sociais cada vez mais comum. Diversas marcas tem se posicionado, levantado bandeiras. Mas aqui há um ponto em se preocupar: traga sempre essência e verdade. Não queira sem quem não se é…
Não queira falar no que não sabe, não acredita. Pois a internet é o lugar onde as máscaras caem.
Texto escrito por @nicolesimonato
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Imagem do artista Selman Ames.